Startups: Prepare-se antes de conversar com um investidor

Por enquanto ainda existe uma enorme diferença entre Brasil e Estados Unidos em termos de estratégia de se conseguir um investimento. Lá o mercado é extremamente competitivo tanto em números de empreendedores como em números de VCs e Angels, por tanto, algumas regrinhas essenciais por lá, ainda são flexibilizadas por aqui quando o assunto é lidar com o investidor.

Quando você traça uma estratégia de capitação de investimento, você procura se diferenciar dos outros concorrentes, produzindo um material de altíssima qualidade e se preparando. Além disso, você procura fazer uma rede de relacionamentos grande, para aumentar suas probabilidades de sucesso. Por lá você lê sobre casos de empreendedores que conversaram com mais de cinquenta investidores para conseguir um round de investimento.

Aqui no Brasil, o mercado apesar de estar crescendo a uma velocidade impressionante, ainda não da nem para comparar. Temos uma quantidade muito inferior de investidores e a quantidade de capital disponível ainda é escassa, principalmente para startups em estágios iniciais (early stage), buscando o primeiro round de investimento.

O mercado por lá é tão aquecido, que os investidores não tem condições de conversar com todos empreendedores que se aproximam. Por este motivo, eles criam camadas que servem como filtros para receberem e analisarem somente as melhores oportunidades. Muitos deles fazem isso utilizando sua própria rede de relacionamentos. Eles recomendam que ao invés de você enviar um email diretamente, que você busque alguém da rede de relacionamento deles, para indica-lo.

Isso é levado tão a sério por lá, que alguns investidores são até agressivos no recado. Este ano, ao final da apresentação do @DaveMcClure, um investidor americano bem conhecido e polemico, ele deixa o seguinte recado aos empreendedores:

“Don’t Pitch Me, Bro. Seriously: Don’t. Fucking. Pitch Me. And don’t email me either, cuz i won’t read it”

Aqui no Brasil ainda não existe essa massificação de bons empreendedores assediando os investidores, por este motivo, existe uma certa flexibilidade por parte dos investidores para receber os empreendedores. Isso é ótimo para bons empreendedores, que podem se destacar com facilidade. Mas por outro lado, é uma pena que os VCs ainda tenham que conversar com uma quantidade absurda de pessoas despreparadas.

Lembro de ter conversado com @BobWollheim sobre este tema. Há alguns meses atrás, ele foi para o Launch em San Francisco, onde teve a oportunidade de assistir uma série de pitches e conhecer um monte de empreendedores gringos. Da uma olhada no que ele disse a respeito dos empreendedores Brasileiros que não se preparam:

“Vejo ainda muitas pessoas totalmente, mas vergonhosamente, despreparadas para apresentar projetos no Brasil. Tenho momentos de #vergonhaalheiamaster! Cara de pau é ótimo, mas desde que venha junto com conteúdo, vamos combinar. Um pouquinho de suor não faz mal a ninguém.”

Para te ajudar a estar melhor preparado antes de iniciar uma conversa com um VC ou Angel, eu te dou algumas sugestões. Você vai precisar formalizar (colocar no papel) tudo que tem em mente e nos seus sonhos. Se este material for bem feito e seu conteúdo estiver conciso e fizer sentido, tenho certeza que suas chances de conseguir investimento aumentarão, mas muito mais importante do que isso, você deixará uma boa impressão com quem conversar.

Fatores a se considerar no momento de conversar com o investidor

1. Escreva um sumário executivo e um elevator pitch

O sumário executivo será provavelmente seu primeiro contato com um investidor. É uma das formas de apresentar a sua empresa de forma rápida e concisa. Como o próprio nome diz, o conteúdo deste documento deve ser um sumário de informações importantes e impactantes da sua startup, que de preferencia chamem a atenção de quem estiver lendo e deixe aquele gostinho de “quero saber mais”.

Coloque dentro do sumário executivo, os pontos mais relevantes do deck (abaixo), tente ser impactante em cada frase que colocar e não se alongue, 200-400 palavras está mais do que suficiente.

Alguns VCs acham que o sumário executivo é desnecessário, que explicar sua empresa em um Elevator Pitch é muito mais relevante. Ou seja, o que você falaria, caso encontrasse um investidor dentro de um elevador e ele lhe desse a oportunidade de fazer um pitch durante a viagem de elevador, do térreo para o sétimo andar.

De qualquer maneira, eu acho que o exercício de produzir esses materiais é fundamental para seu próprio aprendizado. Ao estudar cada um dos investidores, aprenda o que cada um gosta e espera antes de iniciar o contato e decidir qual material enviar primeiro.

2. Escreva um business plan e um deck

Mesmo que você seja uma startup early stage, que ainda não tenha qualquer receita, é fundamental que você tenha um business plan. É com este documento que o investidor analisa principalmente a forma do empreendedor pensar. No que ele acredita, como ele defende suas ideias e como ele justifica os fatos que ele diz que acontecerão.

É engraçado, porque para startups early stage a única certeza que todos têm é que o plano não acontecerá como previsto. Afinal, estamos falando de um exercício de previsão de futuro. Mas mesmo assim, um business plan diz muito mais coisas sobre o empreendedor e a empresa do que imaginamos.

Um dos fundos de investimentos que tenho relação, costuma recomendar que o business plan seja confeccionado seguindo as orientações da Sequoia Capital.

Quanto mais visual, mais fácil de entender, quanto menos palavras melhor. Novamente, seja objetivo e conciso. Tente produzir um documento com no máximo 15-20 slides.

Quase todo esse material pode ser feito diretamente em slides, alguns outros, principalmente a parte financeira deve ser desenvolvida dentro de planilhas. Lá estará todo seu fundamento de crescimento de base de usuários, taxas de conversão, canais de aquisição de clientes, churn e assim por diante. No deck, você simplesmente irá colocar um sumário de todas essas planilhas.

A estrutura que você deve desenvolver é essa:

Company Purpose

  • Define the company/business in a single declarative sentence.

Problem

  • Describe the pain of the customer (or the customer’s customer).
  • Outline how the customer addresses the issue today.

Solution

  • Demonstrate your company’s value proposition to make the customer’s life better.
  • Show where your product physically sits.
  • Provide use cases.

Why Now

  • Set-up the historical evolution of your category.
  • Define recent trends that make your solution possible.

Market Size

  • Identify/profile the customer you cater to.
  • Calculate the TAM (top down), SAM (bottoms up) and SOM.

Competition

  • List competitors
  • List competitive advantages

Product

  • Product line-up (form factor, functionality, features, architecture, intellectual property).
  • Development roadmap.

Business Model

  • Revenue model
  • Pricing
  • Average account size and/or lifetime value
  • Sales & distribution model
  • Customer/pipeline list

Team

  • Founders & Management
  • Board of Directors/Board of Advisors

Financials

  • P&L
  • Balance sheet
  • Cash flow
  • Cap table
  • The deal

Nos próximos artigos eu detalharei todos esses itens.

Startups: Prepare sua startup para investimentos

Se você está montando uma startup e pretende levantar capital de risco, vale entender algumas premissas importantes, para não cometer erros e se arrepender no futuro. Vou pegar carona em um artigo escrito recentemente pelo Fred Wilson, onde ele sugere algumas métricas para levantamento de capital. Resumo parte do post e então entro na minha sugestão de como você deve se preparar para receber investimentos.

Como lidar com investimentos na sua empresa

Toda vez que você for levantar capital, tente diluir entre 10 e 20% no máximo por round. Quanto menos você diluir por round, melhor. É possível que você tenha que diluir um pouco mais em algum round especifico, talvez até no começo, mas tente equilibrar isso nos próximos, ficando mais próximo de 10% do que de 20%. Se você fizer muitos rounds altos, certamente ficará com muito pouco da empresa e provavelmente nem será mais o controlador, além de correr o risco de se tornar funcionário.

Outro ponto muito importante, não levante capital para um período muito longo, limite-se a 12-18 meses, mais do que isso, você estará com um monte de dinheiro no banco, de um valuation antigo. Se sua startup tem potencial de duplicar todos os anos, porque você iria fazer um levantamento de capital de três anos? Não seria muito mais proveitoso levantar capital uma vez por ano, durante três anos consecutivos? Certamente você receberia mais capital pelo mesmo percentual de diluição.

Com esses pontos em mente e antes de sair para conhecer e conversar com investidores, sugiro que você prepare sua startup. Se for uma startup com potencial, em alguns anos você poderá ter dezenas de sócios, por isso junte os fundadores e faça uma simulação do futuro. Definam a quantidade de rounds que vocês imaginam captar, qual seria o valuation de cada um deles e quanto vocês pretendem diluir em cada um.

Fazendo isso, você conseguirá ter muito claro até que estágio os fundadores serão os controladores da empresa. Posteriormente, quando o controle for perdido, quem seriam os possíveis controladores. Além disso, é possível identificar diversas outras informações, como por exemplo a quantidade de dinheiro que vocês captarão em cada um dos rounds, este dado que servirá de base para você fazer o seu business plan. Você poderá também brincar com as variáveis e entender que pequenas alterações fazem muita diferença e mudam completamente a estratégia de captação de recursos e controle da empresa.

Para lhe auxiliar neste controle, eu preparei uma planilha com uma simulação de uma startup fictícia, com dois sócios, dois conselheiros, um round de investimentos anjo e mais cinco rounds de investimentos de VCs. Você pode copiar esta planilha e brincar a vontade, as células laranjas são editáveis, onde você poderá entrar com os valores referentes a realidade da sua startup. Todo o restante está com fórmulas e cálculos que serão reajustados imediatamente de acordo com os valores dos campos laranjas.

Download da planilha

No primeiro quadro eu estabeleço dois sócios fundadores, onde cada um inicia com 50% da empresa. Note que o total, ao final de cada quadro, é apenas uma referência para caso você cometa algum erro. Este campo precisa sempre estar com o valor 100%.

No quadro seguinte, esses dois sócios resolvem admitir dois conselheiros e em troca dos seus serviços, eles distribuem cotas para estes conselheiros na ordem de 1.5% para cada, sendo que eles só irão diluir a partir do segundo round de investimentos.

Nos quadros seguintes estamos falando de rounds de investimento, sendo que a primeira informação que você precisa definir é o valuation da sua empresa para aquele round. Posteriormente você deve definir quanto será a diluição do round e quais as partes que serão diluídas. Fiz um exemplo onde os conselheiros não diluem no primeiro round, para que você possa copiar a fórmula e replicar caso isso aconteça com outras partes ou outros rounds. Nos rounds seguintes, todos os acionistas diluem.

Com esta planilha fica claro observar o que Fred Wilson comentou em seu artigo, se você conseguir crescer com poucos investimentos e manter os investimentos constantes, é o ideal. No Brasil ainda pode ser difícil conseguir este mérito, mas que fique registrado qual é o melhor caminho.

De qualquer maneira, eu sugiro que você tente manter ao máximo o controle pelos fundadores. Nesta simulação, a startup capta um total de 3.8MM e mantém o controle da empresa até o Series C. De acordo com as estimativas de valuation, os fundadores teriam uma participação de 26.71% de uma pizza que valeria aproximadamente 14MM, imediatamente após o Series C, ou seja, se vendessem a totalidade das suas cotas, estaríamos falando de quase 4MM.

A partir do momento que perde-se o controle da empresa, a estratégia dos fundadores podem e deve mudar, então vale a pena separar bem esses momentos, para ninguém se arrepender, pois a partir do momento que você perde o controle, você pode se tornar empregado.

Não foi uma nem duas startups brasileiras que eu conheci, que se tornaram grandes empresas e seus fundadores perderam o controle da empresa precocemente. Eu espero que com este artigo, os empreendedores tenham mais consciência do valor que eles tem em suas mãos e saibam negociar melhor para maximizar seus interesses e manter o controle e melhores posições por mais tempo.

Startups: Venture Capital

Investir em startups se tornou um negócio lucrativo para muitos investidores. Imagine que uma startup em poucos meses, pode valer milhões de dólares, e anos depois, bilhões. Parece loucura, mas o mundo das startups, principalmente de tecnologia, tem colecionado muitos casos de sucesso assim. Claro que para muitos sucessos, são necessários muitos outros insucessos, mas essa grande oportunidade tem atraído cada vez mais investidores. Por isso nós precisamos falar de venture capital.

Os investidores são responsáveis por impulsionar ideias geniais de empreendedores que vieram para mudar o mundo. Sem esses investidores, o universo das startups certamente não seria o mesmo. Somos privilegiados por estarmos vivendo em uma época onde assistimos grandes mudanças globais de camarote, uma das principais delas chama-se internet, que tem sido há alguns anos um celeiro cheio de novas oportunidades.

Mas como qualquer investimento, existe o fator risco vs. retorno. O mercado teve que se moldar para acolher todos os tipos de investidores, com diversos apetites de risco e profundidades de bolso. O mercado dividiu-se em camadas, onde os investidores das camadas mais baixas, normalmente os primeiros investidores de uma startup, são os responsáveis por identificar bons negócios e fazer o investimento inicial. Já os investidores das camadas superiores, analisam startups em um estágio mais avançado, quanto mais rounds foram feitos, mais madura a operação e menos dúvidas, porém o Valuation (valor da empresa) se torna bem mais alto.

As camadas de investimentos seguem esta estrutura:

  • Seed
  • Series A
  • Series B
  • Series C

Entendendo o que é Venture Capital

A primeira camada de investimento, normalmente chamada de Seed (semente), é a camada introdutória, onde está o smart money e os famosos Anjos (Angels). Eles são responsáveis por apostar nas startups que estão dando os primeiros passos, que ainda tem um valuation baixo, mas que teriam potencial de rapidamente multiplica-lo. Eles servem como filtro inicial para os próximos investidores, basicamente preparam a startup para conseguir um round maior de investimento.

Os próximos rounds, seguem o mesmo fluxo, porém a startup precisa dar sinais claros de evolução e potencial de crescimento. Quando você vê uma startup que teve muitos rounds de investimento, certamente tem grande escalabilidade e/ou geração de caixa. Quando em algumas das fases a startup mostra fraqueza e pouco potencial de crescimento, dificilmente novos investimentos acontecerão, esses são sinais claros de perda de dinheiro para um investidor.

Os fundos de investimento, estão sempre em busca de multiplicações de seu capital investido, para isso acontecer eles precisam ter uma forma clara e realista de saída antes do fundo expirar. Esta saída é feita com a venda das suas participações para outros investidores, e a data de expiração é uma garantia para quem tem dinheiro dentro do fundo, que o seu capital irá retornar até uma determinada data. Apesar de existirem investidores que buscam dividendos, posso lhe garantir, que esta pratica não é o mais comum na cena de Venture Capital.

Os fundos de investimento tem diversas estratégias para maximizar os resultados e minimizar os riscos de perda de capital. Normalmente cria-se um nome para o fundo e define suas características, como segmento de mercado, capital total, número de investimentos, follow ons, possíveis saídas e assim por diante. Com este prospecto pronto, encontra-se os possíveis investidores e forma-se o fundo, pronto para iniciar investimentos em startups.

Apesar de o Venture Capital ser muito importante para viabilização de startups, sugiro que antes de pensar em qualquer levantamento de capital, você tente entender como tudo isso funciona, leia sobre Lean Startup, Customer Development e Business Model Generation e tente encontrar ao máximo as respostas para o negócio. Quando você tiver um protótipo, um business model e a maioria das perguntas estiverem respondidas, chegou o momento de você começar a pensar em Venture Capital.

Quando este momento chegar, eu acho que você não deva olhar somente para o dinheiro, mas sim para um conjunto de fatores. Ter um investidor é ter mais um sócio, mais um casamento, por tanto, você precisa se preocupar em ter pessoas ao seu lado que você tenha um bom entrosamento e compatibilidade de ideias. Pessoas que você admire e que tenha prazer em trabalhar junto. Se preocupe também em ter bons conselheiros, que possam compartilhar suas experiências e lhe abrir portas que você jamais conseguiria de outra forma. Um bom equilíbrio entre aberturas de portas e dinheiro é a melhor estratégia.

Quando comecei a escrever este artigo, meu objetivo era falar sobre como você deve preparar a sua empresa para receber investimento, mas o artigo ficou longo demais e eu resolvi dividi-lo em duas partes. Na semana que vem eu apresento uma solução para como você deve preparar a sua startup para investimentos. Se você ainda não assina o blog, basta digitar seu email aqui em baixo ou se você preferir, use o feed rss.

Startups: Escolhendo um bom nome e domínio

Existe uma situação que acontece com qualquer empreendedor desenvolvendo uma nova ideia. Surge quando você já está convencido de que a sua ideia daria uma boa startup, você já conseguiu mentalizar e rabiscar todos os principais pontos e em algum momento próximo disso, a única coisa que você consegue pensar é: Qual será o nome e domínio. É incrível como cria-se um bloqueio, onde a partir desse momento, nada acontece sem uma identidade.

Uma startup é como um quebra-cabeças gigante, onde cada uma das peças pode contribuir de forma positiva, neutra ou negativa. Tem peças com pesos mais importantes, outras menos importantes, mas nenhuma delas lhe matará individualmente, mas um conjunto de peças ruins, sim. Por isso eu prefiro sempre me preocupar em encaixar boas peças, principalmente quando essas peças são nome e domínio.

Escolhendo nome e domínio para sua startup

Por mais importante que o nome seja, não acho que você deva perder muito tempo para decidir qual nome usar. Vejo que em muitas startups isso se torna um martírio, porque os sócios não conseguem decidir qual nome utilizar e isso arrasta-se meses atrasando tudo que vem pela frente.

Exatamente por este motivo, é comum iniciar o desenvolvimento do produto sem ainda ter um nome, mas quando chega a hora de você ter um design para o produto, nada sai sem uma marca. O designer nunca conseguirá criar um logo para você sem um nome, e não adianta achar que ele poderá criar uma marca genérica que isso não funciona, uma marca está completamente encrustrada com o nome.

Costumo estabelecer uma semana para resolver isso, me debruço no computador fazendo um brainstorm de palavras, pesquisando em dicionários de diversos idiomas, de sinônimos e afins. Logo em seguida eu marco ao lado do nome a viabilidade (ou não) do domínio.

Nesta fase eu sempre saio com uma lista de mais de cem nomes. Depois vou fazendo filtros até chegar a somente um nome. Os outros founders podem fazer exatamente a mesma coisa e essa operação pode ser repetida várias vezes, até que todos estejam satisfeitos, mas que nunca ultrapasse a data limite.

Se o domínio não estiver disponível, isso não deve ser um problema muito grave, tudo tem seu preço, é importante identificá-lo para entrar como mais um ponto influenciador na hora da decisão. Vejo que no Brasil muitas pessoas desistem de nomes fantásticos porque o domínio não está disponível, mas que certamente poderiam ser comprados por um valor justo.

Fred Wilson inclusive comentou em seu blog, que costumava recomendar as suas empresas investir até $10k em um domínio, mas que recentemente teve que aumentar este valor para $25k e atualmente a recomendação é $50k.

Mas também existe o outro lado da moeda, pessoas importantes que discordam de mim, a 37signals por exemplo, acha que o nome que você escolher não tem tanta importância. Eles acreditam que um bom produto supera qualquer domínio e nome ruim.

Por menor que você inicie uma startup, você tem sempre que pensar grande. Se você vai vender sapatos pela internet, será que amanhã você também não vai querer vender outros produtos que não tenham nada a ver com sapatos? Este foi um problema da Netshoes, hoje eles vendem muitos outros produtos que não tem nada a ver com sapatos, mas tem em seu nome “shoes” tatuado. Este é um dos motivos pelo qual eu sempre busco escolher nomes flexíveis e globais. Escolha bem, pois trocar de nome e domínio no meio do caminho é a última coisa que você desejará fazer.

Ter flexibilidade é importante para permitir pivôs, expansões e internacionalizações. Precisa ser de fácil pronúncia no seu idioma, mas também em outros países, preferencialmente em inglês. Idealmente registrar o domínio .com, mas se não conseguir, você sempre poderá compra-lo mais tarde, quando tiver mais dinheiro, mas tenha certeza que o preço será outro.

Faça uma busca no google para ver o número de registros, o seu objetivo após a compra é estar no topo das buscas e quanto menos popular for o nome e domínio, mais fácil será para você chegar lá. Escolher palavras muito comuns ou com muitos registros, é garantia de dificuldade de escalar até o topo. Não esqueça também de pesquisar nas principais redes sociais a disponibilidade do seu nome, Twitter e Facebook principalmente.

Se preocupando com essas características, tenho certeza que você estará encaixando peças com valores positivos na sua startup.

Startups: Por que a maioria das startups falham?

O empreendedor está a todo tempo buscando melhorar e crescer. Quando é empregado de uma empresa, ou está sonhando em como subir na hierarquia e assumir mais responsabilidades, ou está quebrando a cabeça para criar um produto inovador. Quando surge uma boa ideia, não tem quem segure, automaticamente se torna um sonho que agarra com unhas e dentes para transformar em realidade. É asssim que nasce a maioria das startups.

No mundo da tecnologia, criar uma empresa parece relativamente fácil, principalmente para quem é programador e passa o dia inteiro produzindo códigos, que no fim das contas, são micro-produtos e as vezes até produtos completos. Na visão de muitos programadores, para criar uma empresa basta ter um bom produto, e para este produto nascer, não precisa de muito dinheiro, basta sentar na cadeira e programar.

Na prática, as coisas não são tão simples assim. No berço mundial das startups, o Silicon Valley, milhares de startups nascem todos os anos, mas boa parte delas não chega a completar o primeiro ano de vida.

A maioria dessas startups que falham utilizam o modelo de desenvolvimento de produtos (Product Development Model) para o desenvolvimento da sua startup, para resumir em dois passos, seria o seguinte:

Passo um – Crie o produto: Normalmente o produto é desenvolvido de forma totalmente isolada, sem qualquer contato com o possível cliente. Investe-se tempo e dinheiro sem ter a certeza de que existe alguém interessado em utilizar este produto, pagar pelo produto e se este processo de venda pode ser repetível e escalável.

Passo dois – Vá ao mercado vender: Neste fase tem-se um produto pronto e muitas vezes ele é excelente. Acontece que na hora de vender, muitas vezes os resultados são bem diferentes do esperado. Poucas pessoas ou ninguém quer utilizar o produto, preço alto ou baixo demais e quantidade vendas bem abaixo do esperado. Como já foi investido muito dinheiro, tentam remediar e fazer transformações para ter os resultados esperados, no fim das contas, quase sempre o resultado é o mesmo, a empresa morre.

O maior problema das startups está na sua fundação, que é exatamente este modelo, que não é bom e da muitas margens para o insucesso. A boa notícia é que atualmente nós temos recursos importantes disponíveis, que auxiliam o empreendedor a aumentar significativamente as chances de sua startup dar certo.

Um dos mais antigos empreendedores do Silicon Valley, Steven Gary Blank, vivenciando e assistindo de camarote todos esses problemas, se perguntou:

Seria possível evitar esses problemas e criar uma alternativa mais eficiente?

Uma lição das startups de sucesso

Steve Blank então iniciou um processo de profundas pesquisas e estudos, para tentar entender se existia um padrão entre as startups que tinham sucesso e as startups que falhavam. O resultado de tudo isso foi documentado em seu famoso livro The Four Steps to the Epiphany, onde ele dá um passo-a-passo para qualquer empreendedor que deseja abrir uma startup.

Eu não quero ser injusto em dizer erroneamente, onde e por quem que este movimento iniciou, mas o fato é, Geoffrey Moore influenciou fortemente Steve Blank a produzir sua obra prima, na sequência vieram pessoas muito importantes, a principal delas eu diria que é Eric Ries, criador do movimento Lean Startup.

Este movimento acabou tomando proporções gigantescas, teve uma adesão praticamente unanime de empreendedores e investidores. Por outro lado, existem diversas outras pessoas que contribuíram muito com conhecimentos e lições aprendidas, que você deve conhecer e acompanhar, pois complementam diretamente os autores acima.

Uma lista INcompleta de autores e pessoas que contribuíram de forma significativa são:

Alex Osterwalder, Yves Pigneur, Marc Andreessen, Hiten Shah, David Heinemeier Hansson, Jason Fried, Sean Ellis, Dave McClure, Nivi, Naval, Mark Suster, Jason Calacanis, Paul Graham, Fred Wilson, Dharmesh Shah, Ash Maurya e muitos outros.

Os que eu esqueci, por favor coloquem nos comentários.

Este movimento e todas essas pessoas, estão mudando a forma como se cria e desenvolve empresas. São técnicas que servem para qualquer área, podem e devem ser utilizadas por qualquer empreendedor que esteja pensando em abrir uma startup ou criar um novo produto. Aplicando as receitas corretamente, você estará automaticamente aumentando suas chances de sucesso.

Em posts futuros, falarei sobre como aplicar essas técnicas na sua startup.