Avançando no tema startups, hoje falarei sobre como você deve dividir as ações da sua empresa com os sócios fundadores. Nesta fase, você já decidiu que vai abrir uma empresa, já selecionou a ideia, já escolheu os sócios e está avançando na execução.
Aborde o tema de divisão de ações desde o início
Minha primeira recomendação é: Não deixe para resolver o assunto de divisão de ações depois. Se você fizer isso, eu garanto, você já tem um problema reservado para o futuro, e acredite, ele pode ser bem grande.
Divisão de ações tem que ser um assunto extremamente claro com todos os envolvidos, é bom estressar este assunto, até que todos tenham suas dúvidas tiradas. Depois coloque no papel, envie um email, enfim, formalize.
Como dividir a sociedade? Simples, da forma mais justa possível. Eu já comentei isso antes, é triste, mas é a pura realidade. Se você começar a se dedicar full time na sua startup e seus sócios também, você passará mais tempo com eles do que com sua família.
Se você quer que esta sociedade de certo e a startup também, seja justo. Se você resolver ser ganancioso e mais esperto que os outros, no longo prazo isso não se sustenta, a sociedade terminará e consequentemente a empresa também. Já vi sociedades terminarem inúmeras vezes por causa disso.
No dia em que você convoca uma reunião com seus sócios, para discutir o tema divisão da sociedade, alguns fatores podem parecer importantes, mas no longo prazo, eles tendem a não ter tanta importância, e é exatamente aí que nascem os problemas de sociedade.
Quando vocês tem somente uma ideia, ela pode parecer algo importante, afinal, vocês não tem nada e a única coisa que comoveu o grupo, foi uma excelente ideia, onde todos gostaram e resolveram ir a diante e executar.
Uma ideia por si só, pra quem não executou absolutamente nada, pode parecer algo grande. Depois de cinco anos de execução da empresa, a ideia deixa de ser tão importante e muito provavelmente, a ideia original já foi totalmente modificada, assim como o modelo de negócio e muitos outros detalhes. Então as perguntas comuns são:
- Eu que tive a ideia, devo ter mais ações por isso?
- Tenho mais experiência, devo ter mais ações por isso?
- Tenho mais contatos, devo ter mais ações por isso?
A resposta é NÃO.
Nada disso deve ser fator de aumento de ações. Todos estão no mesmo barco e no fim das contas o que vai valer é como a empresa será executada, se a empresa tiver sucesso, não será por causa de uma ideia, ou por causa da experiência de um indivíduo. Será pelo conjunto equipe vs. execução.
Divida a sociedade igualmente com seus sócios.
No longo prazo, isso é sustentável, ninguém será o dono da verdade e nos momentos de problemas, todos precisarão dar o braço a torcer em algum momento. Tudo isso em nome de uma boa relação, boa amizade e sucesso da empresa. Você continua com seu amigo e a empresa continuará firme e forte.
Quem não deve participar da divisão meio a meio?
Quem não assumir risco. Se todos estiverem assumindo exatamente os mesmos riscos, a divisão deve ser exatamente a mesma.
Por exemplo, se todos os sócios menos um largaram seus empregos para se dedicarem full time. Este um, não está assumindo tanto risco quanto os outros sócios. Se a empresa quebrar, não fará a menor diferença para ele. Agora, se a empresa der certo, também não é justo que ele tenha a mesma participação que os outros sócios tem.
Outra situação muito comum, sempre que houver uma situação onde alguém precisa investir mais dinheiro que o outro, ou, por ventura, algum sócio pode se sustentar sozinho sem receber salário. Ou ele trás algum bem importante para empresa, como um imóvel, um domínio, uma plataforma. Nunca resolva isso com ações da empresa, resolva isso com uma dívida financeira. Quem deu algum recurso para empresa, deve ter um documento que formalize que esta pessoa deverá receber X nas condições XYZ.
Uma palavra chave em todo este tema é: risco. Quem assume mais risco, deve ter mais. Consequentemente, quem assume menos risco, tem menos.
Não imponha o que você acha que deve ser feito, pergunte aos seus sócios as expectativas deles, formalize o dia-a-dia, recursos financeiros, diluição, dedicação, etc. Seja justo e garanta o futuro da sua empresa.
Nos próximos artigos, falarei de vários outros pontos muito importantes que devem ser cuidados na definição de uma empresa, como vesting, vesting schedule, achievements, IP (intellectual property), dilution, etc.
EXCELENTE post além de IMPORTANTÍSSIMO para qualquer um que pense em montar empresa com alguém!!
Alunos e ex alunos, LEITURA OBRIGATÓRIA!!
PS – Dar PARABÉNS ao meu amigo Marcelo já virou rotina…para ficar diferente então:
SUPER PARABÉNS pelo post!!!
Grande abraço
Malu
EXCELENTE post além de IMPORTANTÍSSIMO para qualquer um que pense em montar empresa com alguém!!
Alunos e ex alunos, LEITURA OBRIGATÓRIA!!
PS – Dar PARABÉNS ao meu amigo Marcelo já virou rotina…para ficar diferente então:
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Grande abraço
Malu
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PS – Dar PARABÉNS ao meu amigo Marcelo já virou rotina…para ficar diferente então:
SUPER PARABÉNS pelo post!!!
Grande abraço
Malu
Oi Marcelo, sou assinante do seu blog e aprecio muito seus posts. Hoje vivo na pele esta situação. Estou montando uma empresa prestadora de serviços com mais 2 sócios e estamos discutindo a divisão societária. O detalhe é que apenas EU estou deixando meu trabalho para me dedicar integralmente ao negócio, prospectando novos clientes e vendendo os serviços da empresa. Meus futuros, ficam com a parte mais tecnica do negócio e continuarão em seus empregos. Acabo assumindo mais riscos do que eles. Voce acha a divisão igualitária indicada neste caso? Agradeço!
Olá Pedro,
Eu (educadamente 🙂 ) discordo da distribuição 50/50 do Marcelo (no caso de 2 fundadores dividirem a sociedade) porque ela não pode trazer problemas em algumas situações… Por exemplo: se os dois sócios discordam fortemente em um ponto crítico da evolução da empresa, o que fazer? Fechar a empresa? Um sócio comprar a parte do outro? Nem sempre é possivel ter um consenso, e vá por mim: acontece o tempo todo.
Seguem algumas sugestões com outros pontos de vista sobre distribuição de equity:
http://exame.abril.com.br/pme/dicas-de-especialista/noticias/como-dividir-os-percentuais-da-empresa-entre-os-socios
http://exame.abril.com.br/pme/dicas-de-especialista/noticias/que-percentual-da-empresa-devo-ceder-ao-investidor
http://www.geekwire.com/2011/wrong-answer-5050-calculating-cofounder-equity-split
Abraço,
— Yuri
Oi Pedro,
Você está tomando todo o risco da operação, se a empresa der certo, eles embarcam felizes da vida, mas se der errado, você está na pindaíba e eles um pouco tristes porque não deu certo, mas aliviados, por todos os meses estarem recebendo dinheiro e gratos por nunca terem arriscado como você arriscou.
Não acho justo. Eles não devem ter a mesma participação que você.
Veja exatamente quanto eles querem e acham justo de percentual, como não sei exatamente qual a quantidade de trabalho e tempo que eles empenharão, fica difícil chutar, mas vou arriscar algo em torno de ~ 3-10% pra cada, com metas para serem cumpridas e tempo mínimo de permanência na empresa.
Abraço!
Oi Marcelo. Obrigao pela dica. Só não entendi muito bem a parte do 3-10%. Pode simplificar pra mim? O detalhe é o seguinte: Eles já sao sócios nesta consultoria que tem algum faturamento.(50/50) Justamente por precisar de uma pessoa forte na area comercial pra prospectar clientes e eumentar a receita, me chamaram pra sociedade. Acontece que ao pensar a sociedade ja criei outros dois serviços adicionais ao mix de serviços que a empresa oferecia anteriormente. Ao pensarmos a sociedade, eles sugeriram 33% pra cada um de nós tres. É aí que a coisa empaca, ou seja, eu vou correr a tras da receita, fazendo as vendas e eles cuidam de fazer a consultoria. Poderia jogar uma luz neste modelo pra mim?
Abraço!
Pedro,
Quando mencionei 3-10%, estava falando de algo entre 3 e 10%, mas quando você mencionou que vai vender, e eles darão as consultorias, entendo que é uma empresa de prestação de serviços, e que por mais que você venda, eles ainda terão que executar para a receita entrar, um serviço dependente do outro.
Dessa forma entendo que eles estarão trabalhando no negócio tanto quanto você, mas cada um na sua especialidade. Se isso for verdade, aí acredito que a sugestão 33/33/33 seja justa.
De qualquer maneira, não existe uma regra para você chegar e jogar encima da mesa em uma reunião. Vocês precisam conseguir chegar a um consenso. Na realidade, isso é fundamental, e por sinal, é a primeira pista para você saber se a sociedade tem futuro ou não.
Coloque seus argumentos, exponha o fator risco, escute os argumentos deles e cheguem a uma definição.
Se os sócios é que farão o negócio ter um brilho especial, é fundamental que vocês vivam em harmonia. Se um tiver mais percentual que o outro, pode quebrar esta harmonia mais pra frente, pois certamente eles acharão injusto quando todos trabalharem exatamente nas mesmas condições e um ter maior percentual que o outro.
Neste momento de insatisfação, nada impediria deles encontrarem um comercial similar a você e abrirem uma nova empresa, com os percentuais que almejam.
Eu se estivesse no seu lugar, tentaria equalizar os riscos e seguiria com 33/33/33. Acho que você terá mais chances de ter sucesso assim.
grande abraço!
Bem interessante. Acredito que a questão se torna ainda mais complexa, quando falamos de negócios em família. Difícil estipular qual familiar terá a maior / menor parcela e sendo assim, na maioria dos casos, acho que a melhor decisão é a divisão por igual.
Ótimo artigo
Oi Gu Paulillo,
Já tive a experiência de trabalhar em empresas familiares, e não foi muito boa, o risco de dar problema, é altíssimo. Os familiares tem que assumir este problema e não misturar as coisas, que é muito difícil de ser feito, mas não impossível.Existem muitas consultorias que fornecem recursos para auxiliar empresas familiares, acho que pode ser uma boa estratégia ter uma. Mas para só não fazer a caveira, conheço um grupo familiar muito grande de campinas que tem muito sucesso, quem sabe não pode ser o seu caso?Sobre a divisão de ações em empresas familiares, não sou a pessoa correta para lhe auxiliar, sugiro consultar um bom advogado. Existem muitas proteções que devem ser registradas no contrato social, para segurança da empresa e dos acionistas. É fundamental acertar mecanismos de saída para todos, avaliar drag ou tag e é importante ter um decisor para momentos de conflitos, caso contrário, eles se tornam eternos.Boa sorte e um abraço!
Marcelo, sabia que a série Startup viraria livro, tem tudo pra isso.
Muito importante esse post sobre sócios, pois acho que o que pode afundar uma empresa mais rapidamente não é a concorrência, mas sim os proprios donos das empresas.
Costumo dizer que é mais fácil encontrar um casamento perfeito do que uma sociedade perfeita, sabemos que nenhum dos dois existe de fato, mas se os sócios não souberem exatamente suas funções não há boa idéia ou execução que resista.
Continuo te acompanhando por aqui, o design do blog ficou ótimo.
Sucesso!
Como li em um livro recentemente, o segredo da sociedade está na honestidade, tudo tem q ser aberto e claro entre os socios, a partir do momento que se perde a confiança, tudo tende a ruir por agua abaixo.
Essa hosnestidade já tem que começar no momento da abertura da empresa, tem q ser decidido como começar e como terminar, afinal é melhor discutir o fim de uma relação enquanto está tudo bem, pois no final será bem mais complicado, e as vezes chega a por o negócio em risco. E sim, toda sociedade uma hora vai terminar, nem que seja por uma aposentadoria…
Tenho visto bastantes artigos falando sobre não ter sócios, e que empreender sozinho é mais simples, pela decisão sempre estar centralizada em um ponto.
Particularmente eu não concordo, acho sociedade um recurso muito importante para o negocio.
No final das contas a maioria das empresas são formadas por sociedades, investidores e advisors..
Pois é… estava lendo e pensava no vesting para resolver.